Missão de quase cinco meses chega ao fim enquanto a agência continua sua presença humana na Estação Espacial Internacional.
A mais recente tripulação de astronautas que realizava pesquisas na Estação Espacial Internacional (EEI) retornou à Terra no sábado, marcando a conclusão bem-sucedida da 10ª missão do Programa de Tripulação Comercial da NASA ao laboratório orbital.
A tripulação da missão Crew-10, da NASA e da SpaceX, pousou no mar na costa da Califórnia na manhã de sexta-feira, encerrando sua missão de quase cinco meses. Durante esse período, astronautas da NASA, da Roscosmos (agência espacial russa) e da JAXA (Agência de Exploração Aeroespacial do Japão) conduziram dezenas de experimentos, demonstraram tecnologias de ponta e completaram uma caminhada espacial.
No início deste mês, os astronautas passaram o bastão para seus colegas da missão Crew-11, que concluirão os objetivos restantes da Expedição 73 da NASA à EEI. No final de junho e início de julho, eles receberam a tripulação da Axiom Mission 4, a quarta missão privada da Axiom Space à estação espacial.
"Nossas missões tripuladas são os alicerces para a exploração humana de longa duração, expandindo os limites do que é possível", disse o administrador interino da NASA, Sean Duffy, em um comunicado. "A NASA está liderando o caminho com uma visão ousada para a exploração, onde teremos uma indústria espacial próspera apoiando estações espaciais privadas em órbita baixa da Terra, além de humanos explorando a Lua e Marte."
Crew-10 concluída
A astronauta da NASA Anne McClain comandou a missão Crew-10, em seu segundo voo espacial e terceira caminhada no espaço. Foi a primeira missão da NASA para a piloto Nichole Ayers, graduada da Academia da Força Aérea dos EUA com mais de 1.400 horas de voo como instrutora e comandante de missão.
A Crew-10 também marcou a estreia no espaço de Kirill Peskov, da Roscosmos, ex-piloto de companhia aérea comercial. Completando a tripulação estava Takuya Onishi, da JAXA, que voou para a EEI em 2016. Onishi foi o primeiro astronauta japonês a capturar roboticamente a nave autônoma Cygnus, da Northrop Grumman, e lidera a equipe que opera Kibo, o módulo experimental japonês na EEI.
Os astronautas, a bordo da cápsula SpaceX Dragon, decolaram no foguete Falcon 9 em 14 de março, acoplando-se autonomamente à estação espacial cerca de 29 horas depois. Sua chegada permitiu que os tripulantes da Boeing Starliner, Suni Williams e Butch Wilmore — que aposentou seu traje espacial na semana passada — retornassem à Terra após quase nove meses a bordo do laboratório orbital.
McClain, Ayers, Peskov e Onishi participaram de dezenas de experimentos e demonstrações projetados para melhorar as perspectivas de voos espaciais de longa duração no futuro.
Eles testaram a inflamabilidade de materiais para futuras naves espaciais, hardware para produção de medicamentos no espaço e um sistema de navegação lunar de backup para as missões Artemis. Também estudaram o crescimento de plantas em órbita, os efeitos da microgravidade nos ossos, músculos e estruturas oculares humanos, além de outros tópicos relacionados à saúde e fisiologia dos astronautas. Os tripulantes até forneceram amostras de sangue para monitoramento contínuo.
Os astronautas da Crew-11 — Mike Fincke e Zena Cardman (NASA), Oleg Platonov (Roscosmos) e Kimiya Yui (JAXA), que chegaram em 2 de agosto — darão continuidade a esse trabalho enquanto a NASA planeja sua primeira missão lunar pós-Apolo e, potencialmente, futuras missões a Marte.
Além de pesquisas sobre a fisiologia dos astronautas — incluindo a Síndrome Neuro-Ocular Associada a Voos Espaciais (SANS), relatada por muitos ocupantes da EEI após seu retorno —, eles simularão pousos lunares antes, durante e depois da missão para avaliar seu desempenho em diferentes condições de gravidade. Alguns tripulantes responderão a questionários pós-voo para rastrear desconfortos durante a reentrada, o que, segundo a NASA, pode influenciar o design de futuros sistemas de pouso lunar.
O futuro do Programa de Tripulação Comercial
Por meio das missões do Programa de Tripulação Comercial, a NASA mantém uma presença humana contínua na EEI há mais de 25 anos. Todas as 10 missões concluídas até agora usaram a SpaceX Dragon e o Falcon 9, que também lançou a Crew-11. Mas eles não são os únicos veículos do programa.
A chegada da Crew-10 permitiu o retorno de Williams e Wilmore, que voaram no teste inaugural tripulado (CFT) da Boeing Starliner. Em 2014, a NASA concedeu contratos bilionários à SpaceX e à Boeing, buscando duas naves tripuladas comerciais para o caso de problemas com uma delas. Enquanto a SpaceX superou o desafio com a Dragon e o Falcon 9, a Boeing enfrentou anos de atrasos e acumulou mais de US$ 2 bilhões em prejuízos.
O Starliner CFT foi lançado em junho de 2024, e Williams e Wilmore deveriam ficar na EEI por cerca de oito dias. No entanto, engenheiros da NASA e da Boeing identificaram múltiplos problemas pós-lançamento, incluindo vazamentos de hélio e propulsores degradados. No final, a liderança da agência optou por trazer a dupla de volta no fim da Crew-10, e a nave retornou sozinha.
A Boeing pretendia que o CFT fosse o teste final antes da NASA certificar o Starliner para missões operacionais — até seis delas. Mas os problemas em órbita criam muita incerteza para a empresa, que recentemente negou rumores de que poderia vender todo seu negócio espacial.
A NASA afirmou que está realizando testes do Starliner no White Sands Test Facility, no Novo México, e inicialmente projetou que a nave poderia voar uma "missão pós-certificação com capacidade para tripulação" ainda este ano. Em julho, porém, esse prazo foi revisado para início de 2026. Steve Stich, gerente do Programa de Tripulação Comercial, disse que há uma "grande chance" de a missão ser apenas de carga, o que representaria outro revés para a certificação tripulada.
A primeira missão operacional tripulada do Starliner, a Starliner-1, estava originalmente prevista para 2025. Segundo Stich, o novo alvo é final de 2026. Até lá, a NASA continuará dependendo da SpaceX.
