Weather Data Source: Wettervorhersage 21 tage
Flowers in Chania

Urano pode não ter um campo magnético estranho

 

cosmology.com.br
A Voyager 2 tirou essa foto de Urano quando a nave passou pelo gigante de gelo em 1986. Crédito: NASA/JPL-Caltech


Uma explosão de radiação solar pouco antes da chegada da Voyager 2’s em 1986 pode ter enganado os investigadores durante décadas.


Em 1986, a Voyager 2 sobrevoou o gigante gelado Urano. Foi o primeiro olhar de perto da humanidade ao planeta exterior, e ainda é a aproximação mais próxima que qualquer espaçonave já fez. Nessa viagem, a sonda descobriu 10 luas até então desconhecidas, dois anéis e um campo magnético verdadeiramente bizarro que intriga os cientistas desde então.

A maioria dos outros planetas tem campos magnéticos que se alinham aproximadamente com seus polos, que apontam para cima e para baixo, fora do plano do sistema solar. Mas Urano é único por girar de lado, como uma bola rolando ao redor do Sol. Mesmo com essa peculiaridade, seu campo magnético não parece se originar no centro, mas em algum lugar muito ao sul, possivelmente a até um terço do planeta de distância. E ele está inclinado em 59 graus.

Além disso, a Voyager 2 registrou uma magnetosfera estranhamente intensa durante sua passagem, com cinturões de radiação fortes e uma falta incomum de plasma. Pesquisadores têm se debruçado sobre esses resultados nos últimos 40 anos.

Agora, um novo estudo publicado em 11 de novembro na Nature Astronomy revisitou os dados da Voyager 2 e descobriu que Urano estava, na verdade, sofrendo uma rajada de vento solar, colocando-o em um estado que os pesquisadores estimam representar apenas 4% do tempo de Urano — reformulando o pouco que sabemos sobre nosso distante vizinho gelado.

Colocando em perspectiva

Jamie Jasinski, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA na Califórnia, é o autor principal do novo estudo. No artigo, ele e seus coautores destacam que estudos anteriores usaram as medições da Voyager 2 do vento solar enquanto cruzava o bow shock de Urano (o limite externo de sua magnetosfera) para contextualizar as demais observações. Mas, ao analisar as medições da sonda, ficou claro que o planeta — e a espaçonave — foram atingidos por uma rajada de vento solar exatamente naquele momento. Ao examinar o panorama geral, cerca de oito meses de dados, ficou evidente para eles que isso não é o normal para Urano, o que explica por que sua magnetosfera parecia tão estranha.

O planeta é e permanece inclinado, o que causa algumas peculiaridades na magnetosfera. Mas a parte inexplicável para os pesquisadores tem sido a falta de plasma observado. Esperava-se que as luas de Urano (hoje conhecemos 28, incluindo cinco grandes) se comportassem como outras luas do sistema solar exterior: geladas e provavelmente ejetando íons (partículas carregadas) e seus elétrons dissociados para o entorno planetário. Porém, a Voyager 2 não detectou nenhum desses materiais.

A sonda de fato registrou cinturões intensos de radiação de elétrons, superados apenas pelos de Júpiter. Mas como esses cinturões se formam e persistem, sem uma fonte de plasma, também tem sido um mistério para os astrônomos.

Uma rajada de vento solar resolve ambos os enigmas. Assim como uma rajada de vento na Terra faz uma bandeira ondular e estalar, o vento solar pode comprimir e reduzir a magnetosfera de um planeta. "No caso de Urano, calculamos que o aumento na pressão antes do sobrevoo da Voyager 2 pode ter reduzido o volume da magnetosfera diurna em cinco vezes", disse Jasinski em um comunicado.

O efeito de compressão, por sua vez, pode impulsionar elétrons para os cinturões de radiação e ejetar plasma do sistema. Astrônomos já observaram exatamente esse efeito tanto na Terra quanto em Saturno, dando credibilidade à teoria.


cosmology.com.br
Este conceito artistilit mostra que a magnetosfera de Uranus’ apareceu antes da chegada da Voyager 2’s no início de 1986 à esquerda. À direita está a situação incomum que levou ao comportamento estranho que a espaçonave registrou quando chegou. Crédito: NASA/JPL-Caltech

"Faltam mais dados"

Os autores alertam, no entanto, que, embora sua nova interpretação — de que Urano estava em um estado incomum durante o sobrevoo da Voyager 2 — faça sentido, ainda é fato que a sonda forneceu os únicos dados de perto que já obtivemos desse gigante gelado.

Uma missão dedicada a Urano, com um orbitador e uma sonda, está em fase de planejamento e investigaria o planeta e suas luas por 4,5 anos. Essa missão foi considerada a prioridade máxima no mais recente Planetary Science Decadal Survey das Academias Nacionais dos EUA, que orienta o financiamento e a estratégia da NASA e da National Science Foundation, entre outras. Mas, considerando o timing da órbita e das estações do planeta, ela precisa ser lançada na próxima década — e o tempo e os orçamentos já estão pressionando esse plano.

Astrônomos têm descoberto milhares de mundos além do nosso sistema solar. Mas ainda há mistérios próximos. Urano, estudado apenas brevemente e de longe, pode ainda guardar surpresas para nós.

Postar um comentário

0 Comentários
* Please Don't Spam Here. All the Comments are Reviewed by Admin.

Tech Posts

José Santos de Oliveira Fisico e engenheiro