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Proposta de orçamento da NASA prioriza exploração humana — em detrimento da ciência

 José Santos de Oliveira Físico e engenheiro de computação divulgador cientifico

A Casa Branca propõe priorizar missões de exploração espacial humana a Marte sobre a Terra e programas de ciência planetária. Crédito: NASA



“O financiamento do Skinny” prioriza o foco nas missões da Lua e de Marte em relação à ciência e aos projetos caracterizados como “grosseiramente caros.


Casa Branca propõe corte drástico no orçamento da NASA, privilegiando exploração humana em detrimento da ciência

Na sexta-feira, a Casa Branca divulgou sua proposta de orçamento discricionário para o ano fiscal de 2026, sugerindo uma redução drástica no financiamento total da NASA — de aproximadamente US25bilho~esparaUS 18,8 bilhões (queda de cerca de 25%). No entanto, nem todos os programas serão afetados igualmente.

O orçamento discricionário ("skinny budget") funciona como um esboço inicial e está sujeito a mudanças durante a tramitação no Congresso. A proposta inicial, porém, fortalece a exploração espacial tripulada enquanto reduz drasticamente investimentos em programas científicos e outros projetos da agência. Missões como o Mars Sample Return, o foguete Space Launch System (SLS), a cápsula Orion e a estação espacial Gateway enfrentarão cortes significativos.

"Esta proposta inclui investimentos para explorar simultaneamente a Lua e Marte, mantendo prioridade em pesquisas científicas e tecnológicas críticas", afirmou Janet Petro, administradora interina da NASA nomeada por Donald Trump em janeiro, em um comunicado. "Agradeço o apoio contínuo do presidente à missão da NASA e esperamos trabalhar com o governo e o Congresso para avançarmos rumo ao impossível."

Jared Isaacman, CEO da Shift4 Payments e astronauta privado escolhido por Trump para comandar a NASA, também defendeu missões simultâneas à Lua e Marte, mas criticou os cortes na área científica: "Não parece ser o resultado ideal." Sua nomeação foi aprovada por um comitê do Senado (19 votos a 9) na quarta-feira e aguarda confirmação final.

Reação da comunidade científica

Grupos de ciência espacial se mobilizaram contra os cortes, pedindo ao Congresso a restauração integral dos fundos. A Planetary Society declarou:

"Reduzir tanto e tão rápido o orçamento da NASA, sem consultar um administrador confirmado ou alinhamento com metas estratégicas, não trará eficiência — só causará caos, desperdício de dinheiro público e enfraquecerá a liderança dos EUA no espaço."

Exploração humana ganha impulso

Apesar do corte geral, a exploração tripulada receberia US$ 647 milhões a mais no orçamento proposto, com:

  • US$ 7 bilhões para exploração lunar.

  • US$ 1 bilhão para programas focados em Marte.

Segundo a Casa Branca, o aumento visa "manter os EUA como líderes inovadores na exploração espacial", especialmente para "superar a China na corrida à Lua e levar o primeiro humano a Marte."

Tanto Trump quanto Elon Musk (cuja SpaceX fornece voos privados para Isaacman) defendem priorizar Marte. Trump sequer mencionou a Lua em seu discurso de posse, enquanto Musk declarou: "Parar na Lua só atrasa a ida a Marte." Isaacman, porém, afirmou durante sua sabatina que seguirá as leis federais que tratam a Lua como "etapa intermediária" para Marte.

Cortes atingem ciência, tecnologia e sistemas antigos

Enquanto a exploração humana é privilegiada, programas como o Artemis sofrem impactos. Os cortes incluem:

  • US$ 2,265 bilhões em ciência espacial.

  • US$ 1,134 bilhão em suporte a missões.

  • US$ 1,161 bilhão em estudos da Terra.

  • US$ 879 milhões em sistemas antigos de exploração humana.

  • US$ 531 milhões em tecnologia espacial.

  • US$ 508 milhões na Estação Espacial Internacional (ISS).

A proposta também prevê o fim do SLS e da Orion após a missão Artemis 3 (prevista para 2027), considerados "caros e atrasados" (custo estimado: US$ 4 bilhões por lançamento). A Casa Branca quer substituí-los por sistemas comerciais mais baratos. O Lunar Gateway (posto orbital para apoio às missões) também está na mira.

Mars Sample Return (retorno de amostras de Marte) seria cancelado, com a justificativa de que astronautas poderiam cumprir essa missão no futuro. A NASA, porém, já solicitou propostas alternativas da indústria.

ISS operaria com menos tripulantes, menos pesquisas e menos voos, priorizando estudos ligados à Lua e Marte. Satélites climáticos ("baixa prioridade"), projetos de propulsão ("ineficientes") e programas de STEM ("woke") também sofreriam reduções.

Perspectivas

Os cortes refletem um vazamento relatado pela Ars Technica em abril. Projetos que geram empregos podem enfrentar resistência no Congresso. A Planetary Society alertou que a proposta "destrutiva" pode levar a "demissões em massa" e prejudicar a liderança dos EUA — contrariando o discurso de Trump sobre "liderar a exploração espacial."

Enquanto aguarda confirmação no Senado, Isaacman será peça-chave nesse debate. Apesar das críticas aos cortes, ele tem apoio de grupos científicos, que o veem como um defensor da ciência.

A Casa Branca argumenta que empresas privadas assumirão parte das atividades da NASA, mas setores do ramo veem isso como "ilusório". A American Astronomical Society advertiu: "Os cortes destruirão pesquisas que o setor privado não cobrirá, fazendo os EUA perderem talentos para outros países que investem pesado em ciência."

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