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Um eclipse solar total pode ter marcado o fim da 4ª dinastia do Egito

José Santos de Oliveira Físico
Crédito: NASA/Aubrey Gemignani


  cosmology.com.br


Um evento dramático no céu influenciou a construção da pirâmide e a cultura desta grande civilização?

Em um caso intrigante, um astrônomo italiano propôs que um dramático eclipse solar total desencadeou uma crise religiosa no Egito Antigo, levando o último faraó da 4ª dinastia a abandonar a construção de pirâmides — tradição de seus ancestrais.

Um túmulo misterioso


No deserto de Saqqara do Sul, ergue-se uma estrutura curiosa: um edifício plano, semelhante a uma pirâmide inacabada. Conhecido como Mastaba do Faraó, seu interior tem as mesmas câmaras encontradas nas famosas pirâmides de Gizé, claramente inspirado nelas. Este foi o local de descanso de Shepseskaf, o último governante da 4ª dinastia, que reinou por apenas quatro anos antes de morrer por volta de 2498 a.C. Seu governo marcou uma virada radical na história egípcia.

Por que Shepseskaf construiu um túmulo tão modesto em um local tão afastado? Egiptólogos sugerem várias teorias: talvez quisesse se aproximar de suas origens familiares, ou houvesse conflitos com os sacerdotes. Ou, simplesmente, os recursos haviam se esgotado.

Uma explicação cósmica?
Recentemente, Giulio Magli, astrônomo italiano, propôs uma teoria celestial em um artigo publicado no arXiv. Um eclipse solar total teria ocorrido sobre o Egito durante o reinado de Shepseskaf — e as pirâmides estavam ligadas ao culto solar. Talvez o faraó e seu povo tenham interpretado o eclipse como um sinal de traição do Sol, levando-o a abandonar a tradição piramidal em favor de outros deuses.

Na manhã de 1º de abril de 2471 a.C., o Sol nasceu normalmente, mas em minutos escureceu. Às 7h59, o eclipse era total, cobrindo o coração agrícola do Egito, incluindo a cidade sagrada de Buto. A capital, Mênfis, viu 95% do Sol desaparecer — mais que suficiente para alarmar os astrônomos reais.

Na época, eclipses eram imprevisíveis. Só no século XVIII, Edmond Halley desenvolveria métodos para prevê-los. Os egípcios, embora avançados, não registravam eclipses — possivelmente por os considerarem presságios sombrios, em contraste com o culto ao Sol.

O fim de uma era


O culto solar estava diretamente ligado às pirâmides, mas Shepseskaf, testemunhando o "fracasso" do deus Sol, pode ter rejeitado essa tradição. Sua mastaba simbolizaria essa ruptura.

Mistérios persistentes


As datas do reinado de Shepseskaf são incertas, e o cálculo do eclipse depende de modelos da rotação terrestre — que muda ao longo dos milênios. Sem registros escritos, a correlação permanece especulativa.

Mas uma coisa é certa: eclipses ainda hoje despertam temor e fascínio. Há 5 mil anos, um evento assim pode ter sido suficiente para abalar as crenças de um faraó — e mudar o curso da história.


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José Santos de Oliveira Fisico e engenheiro