(Inside Science) — O rover Perseverance, da NASA, pousou com sucesso em Marte no dia 18 de fevereiro. A missão, chamada Mars 2020 e lançada dos Estados Unidos em julho de 2020, tem como objetivos:
Buscar sinais de vida antiga no planeta vermelho;
Coletar amostras de rochas e solo marciano;
Testar tecnologias que possam ser úteis em futuras explorações, tanto robóticas quanto humanas.
Enquanto isso, pesquisadores no Havaí já estão trabalhando em projetos para descobrir o que seria necessário para os humanos sobreviverem a uma longa viagem a Marte e, quem sabe, até viverem lá no futuro.
Você já sonhou em visitar ou até mesmo viver em outro planeta?
Kim Binsted disse: "Sinto que o desejo de explorar o espaço é algo tão essencial."
"Segundo o cronograma atual, a chegada dos humanos a Marte está prevista para daqui a cerca de 20 anos. Um cínico diria que Marte sempre esteve 'a 20 anos no futuro' nos últimos 40 anos. No entanto, a NASA está trabalhando ativamente nisso agora, construindo as naves que nos levarão até lá, resolvendo os problemas médicos, psicológicos e de engenharia que poderiam nos impedir de chegar. O trabalho está sendo feito."
Kim Binsted é a investigadora principal do Hawai’i Space Exploration Analog and Simulation (HI-SEAS). Os pesquisadores do HI-SEAS já realizaram seis missões de teste entre 2013 e 2018, e há planos para mais no futuro próximo.
O objetivo é descobrir o que é necessário para os humanos sobreviverem à longa viagem a Marte e, talvez, até viverem lá. Mas, por que Marte?
Binsted explicou: "De todos os planetas do nosso sistema solar, Marte é o mais parecido com a Terra. Eles têm tamanhos próximos e estão a uma distância relativamente similar do Sol. A Terra está constantemente ameaçada por asteroides, pelas ações humanas e por problemas que ainda nem descobrimos. E, até onde sabemos, toda a vida no universo está neste único planeta, o que é como colocar todos os ovos numa cesta muito pequena. Então, o que queremos fazer é expandir, estabelecer-nos em outros mundos, para garantir que, se algo terrível acontecer à Terra, a vida tenha a chance de continuar em outro lugar. E essa também é uma boa razão para ir a Marte."
Os cientistas do projeto HI-SEAS também coletaram dados para testar equipamentos, softwares e protocolos para futuras viagens a Marte.
"Por exemplo, analisamos como os níveis de iluminação afetam os padrões de sono no habitat. Estudamos sistemas de cultivo de plantas, a carga microbiana em diferentes superfícies do habitat e até roupas de exercício antimicrobianas. Nesse caso, a tripulação tinha vários conjuntos de roupas tratadas de formas diferentes para reduzir o acúmulo de micróbios com o uso. Eles avaliaram o conforto e a eficácia dessas roupas", disse Binsted.
Mas a grande pergunta é: o que eles aprenderam?
"Uma das descobertas é que, em qualquer grupo de pessoas, não importa quão bem selecionadas, treinadas ou estáveis sejam individualmente, sempre haverá conflito. A origem desses conflitos pode variar muito, mas eles vão acontecer. Não existe uma tripulação perfeita que evite isso. O segredo é selecionar e preparar a equipe para lidar bem com esses conflitos. Você quer uma tripulação resiliente, capaz de enfrentar um conflito, resolvê-lo e retomar um alto desempenho rapidamente. Já uma equipe menos resiliente ficaria remoendo o problema, e ele voltaria a surgir durante a missão", explicou Binsted.
O trabalho em equipe será crucial para quem planeja ir a Marte. Mas Binsted espera que essa pesquisa não se limite ao Planeta Vermelho.
"A descoberta de vida em qualquer outro lugar do universo seria uma das maiores — não apenas científicas, mas revolucionárias — que a humanidade já fez", concluiu Binsted.